As crianças quando vão à terapia só brincam?
- brunabohnpsico
- 19 de jun. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set. de 2023

A criança, por sua vez, normalmente, chega ao consultório sendo levada por pais ou professores que veem nela dificuldades ou distúrbios de comportamento que, muitas vezes, a própria criança não percebe em si. Para tanto, o ambiente terapêutico deve estar preparado para receber e acolher a criança, com disposição de instrumentos e espaços que possam ser utilizados por esta. Tais instrumentos devem estar dispostos de forma que possam ser explorados, espontaneamente, e que estimulem a imaginação, fantasia e criatividade do indivíduo em fase de desenvolvimento.
Quando quisermos entrar em contato com a criança e entender seu mundo interior, devemos usar apenas a linguagem da criança. Brincar é a linguagem e o brinquedo de uma criança são as palavras dela. Portanto, a brincadeira, além de promover a afinidade entre os participantes da terapia, ajuda a criança a sentir-se mais à vontade no processo. Enquanto a criança brinca, sente- se “transparente”, pois aquilo que encena está diretamente ligado à sua vida cotidiana. O brincar contribui para todos os domínios do desenvolvimento. Por meio dele, as crianças estimulam os sentidos, exercitam os músculos, coordenam a visão com o movimento, obtém domínio sobre os seus corpos, tomam decisões e adquirem novas habilidades.
Cito aqui alguns exemplos que podem ser usados no processo terapêutico de forma lúdica: o desenho, através do qual o indivíduo pode trazer informações de grande importância para o curso da terapia, o lápis que pode trazer informações através da pressão exercida pela criança e a sua maneira de segurá-lo, ou ainda, pelas cores utilizadas. Tenho, também, alguns outros exemplos como o papel que permite fazer dobraduras, a pintura que pode ser realizada com materiais diversos, como telas, tecidos e papel; a argila, os bonecos, os quebra-cabeças, dominós, atividades de recorte e colagem, utilização de sucatas e reaproveitamento de materiais, o teatro, fantoches, músicas, dança, realização de jogos diversos e contos de fada.
A observação do brincar permite que o psicólogo entenda melhor o seu paciente e logo, é possível se diagnosticar na criança patologias, bem como identificar doenças e verificar características saudáveis e dificuldades da criança. Dessa forma o brinquedo para a criança é substituível ao mesmo tempo em que permite a repetição de situações prazerosas e dolorosas que, ela por si mesma, não poderia reproduzir no mundo real. Compreende-se que por meio do brincar, a criança aprende sobre o mundo e se prepara para o convívio social, pois a atividade lúdica proporciona uma relação com o mundo físico e social bem como vai compreendendo como são e como funcionam as coisas.